GLOSSÁRIO DE EPÔNIMOS
NOMES QUE FAZEM A HISTÓRIA DA COLOPROCTOLOGIA
Names that Make Coloproctology History
Geraldo Magela Gomes da Cruz
Mestre, Doutor e Professor Titular de Coloproctologia, HSBCP, TFBG, TALACP, TCBC, TISUCRS, FASCRS.
INTRODUÇÃO
Em "O Sentido Trágico da Vida" o
grande Miguel de Unamuno (1864-1936) disse que a vida
do homem tem três vieses: corporal, espiritual e
histórico. Nada mais verdadeiro! Temos três vidas: a vida
corporal, a vida espiritual e a vida histórica.
O corpo: o corpo é a prova cabal de
nossa natureza animal, como afirmou Charles Darvin
(1809_ 1882; A Origem das Espécies):
"Man with all his noble qualities... still bears in his bodily frame the
indelible stamp of his lowly origin". ("Com todas as suas
qualidades nobres... o homem ainda traz, em sua
forma corporal, a marca indelével de sua origem
humilde"). E Luis Vaz de Camões (1524-1580; Os Lusíadas,
I, 106) não deixou por menos esta natureza: "No
mar tanta tormenta e tanto dano, / Tantas vezes a
morte apercebida; / Na Terra tanta guerra, tanto engano,
/ Tanta necessidade avorrecida! / Onde pode
acolher-se um fraco humano, / Onde terá segura a curta
vida, / Que não se arme e se indigne o Céu sereno /
Contra um bicho da terra tão pequeno?"..
E Gustave Flaubert (1821-1880; O
Dicionário das Idéias Aceitas) foi além, tripudiando no corpo:
"Si nous savions comment notre corps est fait,
nous n'oserions pas faire un movement" ("Se
soubéssemos como nosso corpo é feito, não ousaríamos
fazer um movimento").
Humilde como é, tem o corpo que acabar,
seguindo o vaticínio eclesiástico:
"Memento hominis quam pulveris est et a pulveris
reverteris" ("lembra-te homem que do pó viestes e ao pó voltarás").
E como ninguém voltou da morte para nos contar
como é, nós a tememos, pois tudo o que é desconhecido
é uma ameaça, provoca medo. A tal ponto que, para
vivermos felizes, temos que negar a morte,
escondê-la, colocá-la no inconsciente e procurar lá não voltar.
O tempo passa e dela nos aproximamos, desgastado
que fica o corpo com o uso, como afirmou Publius
Terencius Afer (195 a.C. - 159 a.C.; A Mulher de Andros):
"Ipsa senectus morbus est" ("A velhice já é uma
doença."). Os cabelos encanecem, a pele enruga, a memória
falha ... é a velhice antecipando o fim do corpo, como
tão bem expressou o mago (João Guimarães Rosa) de
nossa literatura (1908-1967; Grande Sertão: Veredas):
"Todo dia eu bebo um golinho de velhice; os dias não
cabem dentro do tempo; tudo era tarde". "Mocidade é
tarefa para mais tarde se desmentir" "Viver é muito
perigoso. Viver é um descuido prosseguido..."
Mas não é pelo fato de ser ela inevitável
que não procuramos despistá-la, cada um usando seus
próprios subterfúgios, como o de Fernando Pessoa
(1888-1935; Poemas Completos de Alberto Caeiro):
"Morrer é apenas não ser visto. Morrer é uma curva da
estrada". E vamos além, negando a morte ao invés
de escondê-la, como fez Riobaldo ante o corpo inerte
de Diadorim, do mago Rosa (1908-1967; Grande
Sertão: Veredas): "as pessoas não morrem; elas ficam
encantadas".
A alma: Enterrado o corpo tudo vira pó,
vai tudo com ele, para os signatários dos brados
de Nietzsche (1844-1900; Assim Falou Zaratustra),
ora igualando a alma ao corpo, ora negando sua
existência: "Será que este santo ancião ainda não percebeu no
seu bosque que Deus já morreu? (...) Sua alma ainda há
de morrer mais rápido que o seu corpo; nada tema.
(...) Tudo é corpo e nada mais; a alma é simplesmente
o nome de qualquer coisa do corpo".
Todavia, aqueles que acreditam em qualquer coisa além do corpo, seja lá o nome que lhes dêem
_ alma, espírito, psique, carma e tantos outros - ou
depois da morte, acharão alento em Jorge Luís
Borges Acevedo (1899-1986; Ficções): "A velhice pode
ser o nosso tempo de ventura. O animal está morto,
ou quase morto. Resta ao homem a alma"; ou em
tantos outros, como Jean Cocteau (1889-1963; A Condessa de Noailles, Sim ou Não):
"Le corps est un parasite de
l'âme" ("O corpo é um parasita
da alma."); ou em Johann Wolfgang von Goethe
(1749-1832; Fausto): A alma humana é como a água:
ela vem do Céu e volta para o Céu, e depois retorna
à Terra, num eterno ir e vir".
A história: Mas, se o corpo vai para a
terra (vira pó) e a alma vai para Criador (ou se não
existe é com ele enterrada), o que fica da pessoa
conosco? Somente sua história, sua vida, o que ele fez, o
que ele falou, o que ele viveu. E, a única forma de
se preservar a história é contá-la, é narrá-la. Foi
exatamente o que disse Albert Einstein (1879-1956;
Como Vejo o Mundo): "Desse modo somos mortais
imortais, por que criamos juntos obras que nos
sobrevivem". E isto, com dois motivos: o primeiro que
as pessoas não morram e desapareçam como
qualquer animal, enterrando sua história junto com seu
corpo; e o segundo, resgatar sua história para que ela
sirva de exemplo para os que virão.
Guimarães Rosa (1908-1967; Grande
sertão: veredas) deixou o pensamento talvez mais
contundente sobre a importância da história: "O real não
está nem na saída (nascimento) nem na chegada (morte);
o real se dispõe para a gente é no meio da travessia
(a vida, a história de cada um). Sem dúvida alguma
Rosa substituiu "história" por "travessia", última palavra
de seu romance maior.
O culto à história foi reverenciado desde
há mais de 2.500 anos, quando Aristóteles (384 a.C.
- 322 a.C.; Metafísica ou Filosofia primeira)
afirmou: "Ontem como hoje, hoje como amanhã, é sempre
o resultado de um esforço presente na história da
humanidade: o esforço pelo conhecimento que define e
diferencia a criatura humana". E foi, na mesma
época, apoiado por Marcus Tullius Cícero (106 a.C - 43
a.C.; Catilinárias): "Historia magistra
vitae" ("A história é a mestra da vida"). Quase dois mil anos depois,
pelas mãos de Miguel de Cervantes (1547-1616; Don
Quixote de La Mancha), o eco destas afirmações se fez
ouvir em Dom Quixote: "A História é a êmula do
tempo, depósito das ações, testemunho do passado,
exemplo do presente, advertência do futuro". Trezentos
anos após Cervantes, Romain Rolland (1866-1944;
Jean-Christophe) nos deixou um pensamento
maravilhoso: "Si créer c'ést vivre, raconter c'ést tuer la
mort" ("Se criar é viver, narrar é matar a morte"). Viveu
ainda Romain Rolland para ouvir o "Discurso na
Câmara dos Comuns de 20 de agosto de 1940" proferido
pelo grande político e estrategista inglês Winston
Churchill (1874-1965): "The farther backward you can
look, the farther forward you are likely to
see" ("Quanto mais para trás puderes olhar, tanto mais para
diante provavelmente verás"). E seu contemporâneo,
Helmut Zhielicke, assinaria abaixo desta assertiva
afirmando que "Cultivar a tradição não significa guardar
cinzas, significa manter a chama".
Medicina e a história: Muitos médicos
e profissionais correlatos, no decorrer dos anos,
inventaram métodos e técnicas, descreveram síndromes
e sinais, desenvolveram instrumentos e técnicas e
métodos propedêuticos e terapêuticos, tornando-se
conhecidos, tão maquinalmente de todos nós, que
seus nomes se transformaram em nomes comuns, corriqueiros, no sentido de que, por serem nomes tão
difundidos, alguns deixaram de participar até
mesmo de referências bibliográficas. Se, de um lado, a
não inclusão de seus nomes já é, por si só, um elogio e
um reconhecimento pelos trabalhos prestados à arte e
à ciência médicas, por outro lado, induz ao fato de
os mais jovens ignorarem seus feitos, suas
realizações, e se esquecerem de quem foram eles, ficando com
a impressão de que os conhecimentos que sorvem
apareceram como por encanto, sem autores, sem
esforço, sem sofrimentos, sem vontade de servir e ser
útil à humanidade. Assim, fala-se em doença
de Hirschsprung, mas este nome não mais participa
de referências bibliográficas, da mesma forma que
Miles, Gram, Gardner, Joubert, Down, Foley, Chagas,
Crohn e tantos outros. É absolutamente indispensável
procurar resgatar a lembrança destes nomes tão
brilhantes, que vão se perdendo, e sendo, alguns, não
apenas omitidos das referências bibliográficas com o
passar dos anos, mas vão se apagando da memória de
todos nós, tornando-se nomes tão comuns a ponto de
alguns já serem escritos com letras minúsculas
(e.g., gram positivo e gram negativo). A história é a base
de tudo; o homem é um ser histórico; sem história
ele não existe. Conhecer a história da Medicina é
conhecer a própria Medicina.
O epônimos históricos em
Coloproctologia: A multiplicidade de nomes atribuídos a um
mesmo acidente anatômico, a um mesmo fato fisiológico,
a uma mesma síndrome ou sinal ou doença, a
uma mesma técnica cirúrgica ou para-cirúrgica, a
um mesmo instrumento ou aparelho propedêutico
ou terapêutico, gera grande dificuldade, tanto para
compreensão do assunto estudado quanto para a
redação de trabalhos científicos e para a
comunicação dos pesquisadores entre si. E, sem dúvida
alguma, esta dificuldade é exponenciada pelo uso
indiscri-minado de epônimos.
Epônimo é o termo científico _ anatômico,
fisiológico, diagnóstico, instrumental, designador de
doenças e síndromes - gerado a partir do nome de
uma pessoa. O epônimo visa a homenagear o autor ou
o primeiro descritor de algo científico relacionado à
matéria em pauta, não importa qual. Assim, e.g.,
ligamento de Poupart (ligamento inguinal), trompa de
Falópio (tuba uterina), valva de Douglas (válvula retal
média) são exemplos de fatos anatômicos atribuídos aos
seus descobridores ou descritores, embora hajam erros,
como se pode verificar, e.g., no ligamento inguinal, que
não teve Poupart como descobridor ou primeiro
descritor. Da mesma forma, Hirschsprung não foi o primeiro
a descever o megacólon agangliônico nem Crohn foi
o primeiro a descrever a doença inflamatória
intestinal granulomatosa inespecífica.
Às vezes o epônimo é criado muitos anos
depois de um fato ter sido descoberto ou descrito, como
a doença ou síndrome de Parkinson, cuja alcunha foi
proposta por Jean Martin Charcot 100 anos após a
descrição da doença por aquele notável neurologista.
Outras vezes o epônimo não é do autor e nem mesmo de
médico, como é o caso da síndrome de Cowden,
descrita pela primeira vez em 1963, que foi cunhada, não com
o nome dos médicos que a descreveram (Lloyd e
Denis), mas da paciente, uma jovem senhora chamada
Rachel Cowden, do lar, que apresentava as
características sindrômicas. Assim, deve ficar claro _ e muito claro -
, que epônimos não se referem a médicos famosos
e que fizeram muito pela Coloproctologia mundial ou
brasileira, mas nomes que identificam fatos,
instrumentos, doenças, técnicas cirúrgicas.
Após séculos de acúmulo de epônimos e
termos inapropriados para uma mesma parte do
corpo, anatomistas de diversos países se reuniram e
propuseram a "Nomina Anatômica de Basiléia" (Suiça,
1895). A "Nomina Anatômica" norteou-se em três
princípios básicos: abolição dos epônimos, recomendação de
que os termos sejam de fácil memorização e que cada
estrutura anatômica passe a ser designada por um
único nome. Decorridos mais de um século, muitos
epônimos continuam sendo usados na comunicação entre
profissionais da área de saúde, persistindo o divertículo
de Meckel, a hidátida de Morgagni, o folículo de Graaf,
o pomo de Adão e as trompas de Eustáquio e de
Fallopio. Não há como negar o fato!
Este trabalho visa a mostrar que, apesar de alguns serem contra e outros a favor, os epônimos
cercam nossa especialidade de forma inquestionável;
e resgatar os epônimos é resgatar a história de
nossa especialidade.
O resgate dos epônimos
coloproctológicos: procura este trabalho enumerar, em ordem
alfabética, nomes de grandes vultos da coloproctologia e
correlatos à especialidade, resgatando um mínimo de dados
sobre eles, evitando ser enfadonho. Tais dados incluem
seus nomes (sempre que possível, completos), as datas
de nascimento e de morte, onde nasceram e onde
trabalharam, que síndromes ou sinais ou doenças
descreveram, que métodos, técnicas ou abordagens
desenvolveram, que fatos anatômicos e fisiológicos
descreveram, que instrumentos inventaram, dentre tantos,
expondo o trabalho de referência publicado pelos
mesmos sobre o tema em pauta. Nem sempre tais
resgates foram totalmente possíveis, mas a intenção foi a
de ser o mais fiel, sem aprofundar em qualquer um
dos nomes assinalados, evitando-se o cansaço com os
relatos históricos.
Assim, além de evitar a morte histórica de
autores que aos poucos desaparecem das referências
bibliográficas e transmitir um pouco de cultura
médica da especialidade aos que não têm tempo para
estudos mais profundos do assunto, tem este trabalho por
finalidade coloraria de aguçar a curiosidade dos leitores
e desviar suas atenções da massacrante atividade
médica que nos tolhe ou dificulta ler alguma coisa fora
da especialidade.
A
ALCOCK
Benjamin Alcock (1801-1881), anatomista irlandês.
Canal de Alcock (canal pudendo) (1836):
túnel formado pela divisão da fascia obturadora, que
envolve os vasos e nervos pudendos.
O'Rahilly R & Alcock B. Irish Journal of Medical Science, 1947; 622-632.
ALLEN
Willard Myron Allen (1904-1993), ginecologista Americano, nascido em Farmington, NY, tendo
se graduado na Rochester University em 1926, tendo
trabalhado sua vida toda na Universidade de
Rochester. Deixou vários trabalhos sobre progesterona e
corpo lúteo e vários instrumentos cirúrgicos.
Perneiras de Allen: são perneiras para
apoio da panturrilha e do calcanhar do paciente em
mesa cirúrgica, em posição de litotomia ou em posição
de Lloyd-Davies.
Allen WM. Physiology of the corpus luteum: the preparation and some chemical properties
of progestin, a hormone of the corpus luteum which produces progestational proliferation, Am J
Physiol, 1930; 92: 174 - 188.
ALLIS
Oscar Huntington Allis (1836-1921),
cirurgião e ortopedista americano, nascido em Holley, New
York, tendo estudado e se radicado em Filadélfia, PA,
trabalhando no Presbyterian Hospital of Philadelphia,
PA. Dentre vários instrumentos cirúrgicos que
desenvolveu, a pinça de Allis integra qualquer estojo
cirúrgico no mundo.
Sinal de Allis: O rompimento da fáscia entre
a crista ilíaca e o grande trocânter, como um sinal
de fratura da cabeça do fêmur foi descrito por ele
(sinal de Allis).
Pinça de Allis: é uma pinça própria para
agarrar tecidos com finalidade de exposição de campo
cirúrgico, diferindo de uma hemostática por ter uma
presa denteada em lâmina na em cada uma das duas
extremidades de seus dois ramos.
Allis OH. The fascia lata: its use in standing
at rest, its value in the diagnosis of fracture of the neck
of the femur. Medical Times, Philadelphia, 1876; 6: 379-581.
ALTEMEIE
William Arthur Altemeier (1910-1983), cirurgião americano, deixou muitos trabalhos a respeito
de infecções cirúrgicas, mas destacou-se na técnica
de tratamento da procidência retal, ao que seu nome
ficou eponinamente ligado.
Cirurgia de Altmeier para procidência
retal: descrita inicialmente por Mikulicz (1889), foi
popularizada em 1952 por Altmeier, indicada para
pacientes idosos, com prolapso completo extenso, que não
tolerariam um procedimento cirúrgico abdominal
maior. É feita uma incisão circunferencial a 1,5
centímetros acima da linha pectínea, seccionando-se todas as
camadas da parede anterior do reto evertido. Este
procedimento permite o acesso ao fundo de saco peritoneal (saco herniário), o qual é aberto,
possibilitando tracionar e exteriorizar todo o reto e a
maioria do sigmóide. A incisão na parede retal é
prolongada circunferencialmente para a face posterior,
tomando-se o cuidado de manter a distância de 1,5 cm
acima da linha pectínea, sendo o fundo de saco
peritoneal fechado. O segmento prolapsado é amputado
numa extensão de 15 a 25 cm, e a anastomose é
realizada entre o cólon sigmóide proximal e o canal anal
com fio inabsorvível, com sutura contínua ou pontos
separados. A anastomose evertida é então reduzida
para dentro do ânus.
Mikulicz J. Zur operative Betiandlung des prolapsus recti et coli invaginati. Arch Klin Chir
1889; 38:74-97.
Altmeier WA, Giuseffi J, Hoxworth P. Treatment of extensive prolapse of the rectum in
aged debilitated patients. Arch Surg, 1952; 65:72-80.
ANDERSON
Abraham Wendell Anderson (1804-1876), cirurgião americano, nascido em Windham, Maine.
Atendeu um paciente de 21 anos, portador de um
abscesso ao nível do cóccix, que drenou, extraindo, três
semanas depois, de seu interior, um longo fio de cabelo,
após o que o ferimento cicatrizou completamente. Sua
observação foi apresentada em congressos, sem registro.
ASTLER E COLLER
V. E. Astler & F. A. Coller introduziram
modificações à gradação tumoral descrita e modificada
por Dukes, em se que alteram os subgrupos B e C.
Sistema de Astler & Coller: foi proposto em 1954 e inicialmente causou confusão quando
comparado ao sistema de Dukes: Grupo A _ tumores
limitados à mucosa; grupo B1 tumores envolvendo
a muscularis própria, mas sem penetrá-la, grupo B2
tumores penetrando a muscularis propria; grupos C1
e C2 tumores com metástases linfáticas (B1 e B2
de Dukes); grupo B3 tumores envolvendo estruturas
adjacentes (B3 de Dukes com metástases linfáticas)
e grupo D tumores com metástases distantes.
Astler VE, Coller FA: The prognostic significance of direct extension os carcinoma of
the colon and rectum. An Surg, 1954; 139: 846-51.
AUERBACH
Leopold Auerbach (1828-1897), anatomista alemão, viveu e praticou medicina em Breslau.
Plexo de Auerbach: plexo intraluminar mioentérico receptor de comando nervoso
autônomo (vagossimpático).
Auerbach L. Ueber die Erscheinungen bei örtlicher Muskelreizung. Abhandlungen
der schlesischen Gesellschaft für vaterländische
Kultur, Breslau, 1861; 291-326.
Auerbach L. Ueber einen Plexus myntericus. Breslau, Morgenstern, 1862.
Auerbach L. Archiv für pathologische Anatomie und Physiologie und für klinische
Medizin, Berlin, 1864; volume 30.
Auerbach L. Lymphgefässe des Darms. [Virchows] Archiv für pathologische Anatomie
und Physiologie und für klinische Medizin, Berlin,
1865; volume 33.
B
BABCOCK
W. W. Babcock (1872-1963), cirurgião
inglês, especialmente de aparelho digestivo. Esteve no
Brasil em 1952 por ocasião do Primeiro Congresso
do Capítulo Brasileiro do Colégio Internacional de
Cirurgiões.
Operação de Babcock: extirpação radical
de câncer retal em um só tempo com preservação
das funções esfincteriana e anal.
Pinça de Babcock: pinça grande semelhante
a uma pinça de Allis, usada para tracionar tecidos e órgãos.
Babcock WW, Bacon HE. Elimination of colostomy in radical treatment of cancer of large
bowel based on over 400 cases. Pennsylvania Med
Journal, 1943; 46: 1143-1146.
Babcock WW: Radical single-stage extirpation for cancer os the large bowel. with retained
functioned anus. Surg Gynecol Obstet, 1947; 85:1-7.
BACON
Harry E. Bacon (1900_1982), grande
cirurgião e proctologista americano, dirigiu o serviço
de Coloproctologia da Temple Unniversity,
Philadelphia, PA e criou técnicas cirúrgicas (modificação da
técnica de pull-through para abordagem de câncer retal) e
de instrumentos (anuscópio em forma de espectro,
com alça de empunhadura e uma fonte de luz
contralateral). Escreveu vários livros sobre a especialidade.
Bacon HE. Anus, Rectum and Sigmoid Colon - Diagnosis and Treatment. Philadelphia, PA; Ed J.
B. Lippincott, 1938.
Bacon, HE. Evaluation of ssphincter Muscle Preservation and Re-establishment of Continuity in
the Operative Treatment of Rectal and Sigmoidal
Cancer. Surg Ginecol Obstet, 1945; 81: 113-127.
Bacon HE. Cancer of Colon, Rectum and Anal Canal. Philadelphia: J B Lippincott Company, 1953.
BALFOUR
Haubrich William Balfour (1882-1963), cirurgião canadense, natural de Toronto, tornou-se
assistente da Mayo Clinic em 1907, onde se firmou
como cirurgião de tiróide, estômago e gastrointestinal.
Criou várias técnicas e vários instrumentos médicos,
dentre os quais, um laparostato (afastador estático
abdominal com duas lâminas fixas e uma lâmina móvel), além
de uma mesa cirúrgica.
Afastador de Balfour: afastador de parede abdominal ou torácica com dois ramos
contrapostos fixos e um terceiro perpendicular aos dois
anteriores, móvel e regulável.
Balfour HW. Balfour Retractor.
Gastroenterology, 1922; 135; 3: 723-723.
BARRON
O processo de tratamento da doença hemorroidária interna por ligaduras foi inicialmente
proposto por Salmon (1829); em 1963, Barron passou
a utilizar anéis elásticos, constituindo-se em um dos
tratamentos mais divulgados e usados no mundo.
Consiste em estrangular o mamilo hemorroidário através
de anéis elásticos. O instrumento usado é composto
por dois cilindros ocos, um deslizando dentro do outro,
ambos presos a uma haste dupla com manopla.
Através de um cone adaptável ao cilindro menor, dois anéis
de borracha são colocados por cima do cilindro interno.
Barron J. Office Ligation in the Treatment of Hemorrhoids. Dis Colon Rectum, 1963; 6: 109-13.
Barron J. Office Ligation of Internal Hemorrhoids. Am J Surg, 1963; 105:563-570.
BARRETT
Norman R Barrett (1903-1979), cirurgião
britânico, especializado em cirurgia do aparelho
digestivo. Descreveu um achado esofageano que lhe leva
o nome e considerado precursor do câncer
esofageano (esôfago de Barret).
Esôfago de Barrett: é a ulceração ampla e
crônica do terço inferior do esôfago, que se reveste de
um epitélio colunar, semelhante à mucosa do cárdia
gástrico, conseqüente a processos de esofagite crônica
de longa duração, podendo advir estenose esofageana
com refluxo de ácido clorídrico, além de
transformação adenocarcinomatosa, mas precursora do
câncer esofageano.
Barrett NR. Thorax, 1979; apr 34 (2): 143.
BARTHOLIN
Casper Bartholin (o Novo) (1655-1738), anatomista dinamarquês, neto de anatomista
Gaspar Bartholin (o Velho) e filho de Thomas Bartholin,
teólogo. A descoberta das glândulas que lhe levam o
nome é creditada, às vezes, por erro, ao avô e ao pai.
Além das glândulas mucíparas vulvovaginais, descreveu
ainda o forame obturado do osso do quadril (forame
de Bartholin) e os ductos excretores da glândula
salivar sublingual (ductos ou canais sublinguais de
Bartholin) que drenam no ducto submandibular. Estes são
também chamados canais de Rivinus. Augustus
Qurinus Rivinus (1652-1723) foi o anatomista alemão que
descobriu a glândula sublingual e seu ducto.
Casper Bartholin era filho do anatomista Thomas Bartholin
que descreveu, pela primeira vez, o sistema linfático e
o ducto torácico.
Glândulas de Bartholin: glândulas
mucíparas vulvovaginais.
BAUHIN
Gaspar Bauhin (1560-1624), anatomista suíço.
Válvula de Bauhin ou válvula de Tulpius
(válvula ileocecal ou papila ileal): homenagem ao seu
descobridor Nikolaas Tulp, (1593-1674), médico
holandês imortalizado por Rembrandt em sua pintura a óleo
"A Lição de Anatomia do Professor Tulp" (1632). A
referida tela, de fama mundial, encontra-se no
museu Mauritshuis, em Haia (Holanda)
BEHÇET
Hulusi Behçet (1889-1949),
dermatologista turco.
Doença e síndrome de Behçet:
ataques recidivantes de aftas orais e genitais ulceradas,
uveite ou iridociclite, frequentemente acompanhada de
artrite, mais comum no homem que na mulher, com
manifestações sistêmicas que incluem dermatite,
eritema nodoso, tromboflebite e comprometimento cerebral.
BENEDICT
Stanley Benedict (1884-1936), químico
americano.
Reagente de Benedict: glioxalato de
magnésio feito a partir de ácido oxálico com magnésio,
usado para testar proteinas em presença de triptofane.
BERNARD-SOULIER
Jean Bernard (1907-1982), clínico
Jean Pierre Soulier (1915-1991), hematologista francês (Síndrome ou doença de Bernard-Soulier)
Síndrome ou doença de Bernard-Soulier:
distúrbio de coagulação sanguínea caracterizado
por trombocitopenia, plaquetas gigantes e
tendência hemorrágica. É uma doença hereditária
autossômica recessiva onde há falta da glicoproteína Ib na
superfície das plaquetas. Essa glicoproteína é o sítio de
ligação do fator de von Willebrand. A função do fator
de von Willbrand é ligar-se às plaquetas e ao
colágeno exposto do endotélio lesado.
BLACK
Black BM (1902-1972), cirurgião
americano, foi assistente do Muhlenberg Hospital,
particularmente interessado na cirurgia colorretal, sobretudo
câncer retal. Em 21 de junho de 1961 apresentou uma
modificação pessoal para a cirurgia de ressecção
abdômino-endorretal para câncer de terço alto do reto na
convenção anual da American Proctologic
Society, Pittsburgh, PA
Cirurgia de Black: Retossigmoidectomia abdômino-endoanal combinada _ técnica cirúrgica
preservando a continuidade do trânsito intestinal, para
a abordagem de certos cancers do reto alto e reto médio.
Black BM. Combined abdominoendorectal resection. Mayo Clin Proc, 1948; Nov, 11; 23(24):
545-554.
Black BM, Kelly AH. Recurrent carcinoma of the rectum and rectosigmoid: Results of treatment
after continence preserving procedures. Arch Surg,
1955;72: 538-542.
Black BM & Botham RJ. Combined abdominoendorectal resection: Acritical reappraisal
Based on 91 cases, Surg Clin North Am, 1957: 37: 989-997.
BLUMER
Jean Blumer (1858-1940), cirurgião americano.
Prateleira de Blumer: metástases no
fundo pélvico e em órgãos genitais, comprimindo a
ampola retal oriundas de cânceres de andar superior do
abdome, notadamente dos cólons e estômago.
BOCHDALEK
Vincent A. bochdalek (1801-1883), anatomista checo-eslovaco, estudioso e escritor de
fatos anatômicos, dentre os quais destacam-se o forame,
a hérnia, o músculo, a valva e o gânglio.
Hérnia de Bochdalek: é uma
hérnia diafragmática póstero-lateral, através do
trígono lombocostal, quase sempre direito, contendo
frequentemente o epiplo, e, raramente, segmentos colônicos.
BOWEN
John T. Bowen (1857-1941), dermatologista americano.
Doença de Bowen: tumor anal e de outras
regiões cutâneas, caracterizado por ser um
carcinoma intra-epitelial papuliforme e coberto por camada
córnea abundante, com disqueratose, com as células que
lhe levam o nome, que são células epidérmicas
arredondadas com núcleo grande e citoplasma claro.
<
Bowen JT. Precancerous dermatosis: a study of chronic atypical epithelial proliferation. J Cutan
Dis, 1912; 30: 241-55.
BRENNER
Fritz Brenner (1877-1964), patologista alemão.
Tumor de Brenner: é um tumor raro de ovário, constituído de tecido fibroso contendo ninhos de células do tipo epitélio transicional, além de estruturas glandulares contendo mucina, de incidência em mulheres pós-menopáusicas, podendo invadir estruturas vizinhas.
BRODERS
Albert C. Broders (1885-1922): nasceu em Fairfax County, Virginia, USA e estudou na
Potomac Academy, Alexandria, Virginia, recebendo seu
certificado em Medicina do Medical College of Virginia
em 1910. Ingressou na Mayo Clinic como assistente
de Patologia Cirúrgica, chegando à direção do
departamento em 1922. Morreu em Temple, Texas, aos
78 anos.
Gradação de Broders: gradação de
câncer colorretal em biópsias tumorais, por contagem de
número de células com características de malignidade
em campos microscópicos (grau I até 25%; grau II de
26% a 50%; grau III de 51% a 75%; grau IV acima de 75%).
Broders AC. The grading of carcinoma. Minnesota Med, 1925; 8:725-30.
Este trabalho foi re-editado pela DCR: DCR, 1985; 28 (9) (sept).
BRODIE
Benjamin Collins Brodie (1783-1862),
cirurgião de aparelho digestivo e brilhante anatomista
inglês. Descreveu o plicoma, doença, cirurgia, abscesso e
joelho de Brodie.
Mamilo de Brodie: plicoma fibrótico
sentinela, leito de fissuras anais.
Brodie BC. Lectures on diseases of the rectum. III. Preternatural contraction of the
sphincter.ani. Brodie's pile. London Medical Gazette, 1835; 16: 26-31.
BROOKE
Bryan N. Brooke (1915-1982), cirurgião
britânico, particularmente interessado em cirurgia
intestinal, autor de várias técnicas cirúrgicas. Em
decorrência da elevada incidência de estenoses de
ileostomias, Brooke (1952) introduziu sua técnica de
ileostomia, fazendo um tubo de íleo de 2 a 3 cm de extensão,
com a parede evertida, suturando-a a pele por primeira
intenção.
Ileostomia de Brooke: é uma bolsa ileal em
que o íleo proximal é seccionado, trazido através da
parede abdominal, invaginado, e suas bordas suturadas à
pele em volta do estoma, mantendo-se um excesso de
dois centímetros de extremidade ileal além da pele,
com sutura adicional.
Brooke BN. Ulcertative Colitis and Its Surgical Treatment. Cloth Publisher - E. & S. Livingstone
Ltd Date Published, 1954.
BRUUSGAARD
T. B. bruusgaard (1858-1937), cirurgião
alemão.
Volvo de Bruusgaard: é um acotovelamento
da alça sigmoideana, com angulação inferior a 180º,
constituindo-se no denominado volvo de primeiro grau,
apresentando parcos sintomas oclusivos e de resolução
clínica.
Bruusgard TB. Volvulus of the sigmoid colon and it´s treatment. Surgery, 1947; 22: 466.
Este artigo foi re-editado pela DCR: DCR, 1958; vol 1, (4) (July)
BUDD-CHIARI
George Budd (1808-1982), médico
inglês (Síndrome de Budd-Ghiari)
Hans Chiari (1851-1916), patologista
alemão (Síndrome de Budd-Ghiari)
Síndrome de Budd-Ghiari: trombose da
veia hepática com acentuada hepatomegalia e
desenvolvimento de extensa circulação colateral tipo porta,
ascite intratável e hipertensão portal. A Síndrome de
Budd-Chiari é a hipertensão portal com hepatomegalia
causada pela obstrução venosa do sistema de
drenagem do fígado. O quadro clínico foi descrito
inicialmente por Budd em 1845 e as alterações histológicas por
Chiari em 1899.
BUIE
Louis A. Buie (1890-1975), cirurgião
americano, nascido em Kingstree, Carolina do Sul,
integrou a Mayo Clinic após servir na Itália na Segunda
Grande Guerra, e, a pedidos de William J. Mayo, criou
a Secção de Proctologia da Clínica. Criou o
American Board of Proctology, e, por duas vezes, foi o
presidente da American Proctologic Society, tendo sido
um marco no desenvolvimento da Coloproctologia
como especialidade nos Estados Unidos. Foi
co-fundador da revista Diseases of Colon and Rectum, tendo
sido seu Editor por 10 anos, de 1957 a 1967. Inovou
técnicas cirúrgicas, ficando ligado à técnica para
tratamento cirúrgico de doença pilonidal
sacrococcigeana. Criou inúmeros instrumentos cirúrgicos
e coloproctológicos, entre os quais,
anuscópios, retossigmoidoscópios, mesas de exame
proctológico e pinças de biópsias retais.
BURKITT
Denis P. Burkitt (1915-1993), médico
inglês radicado em Uganda.
Linfoma de Burkitt: forma de linfoma maligno, de ocorrência relativamente frequente entre
crianças africanas, envolvendo ossos da face, ovários e
gânglios linfáticos abdominais, infiltrado por
células indiferenciadas, encontrado em áreas endêmicas
de malária, e causado pelo vírus de Epstein-Barr.
BUSCHKE-LÖWENSTEIN
Abrahan Buschke (1868-1943), dermatologista alemão
L. W. Lövenstein (1878-1944),
dermatologista alemão
Tumor de Buschke-Löwenstein ou condiloma anal gigante: em 1925
Buschke & Löwenstein descreveram um comportamento dos condilomas
anais acuminados, caracterizado por crescimento e
invasão locais sem penetração de vasos sanguíneos ou
linfáticos, invadindo estruturas vizinhas, como o sacro, o
cóccix, as nádegas e até mesmo a vulva e a parede
abdominal.
Buschke A & Löwenstein L. Uber carcinomanhlliche Condylomata acuminata des
Penis. Klin Wochenschr, 1925; 4:1726-34.
Buschke A. Condiloma Acuminata. In Neisser´s Stereoskopischer Atlas. Leipzig; Fisher, 1896.
Lowenstein LW. Carcinoma like Condilomata Acuminata of the penis. Med. Clin. N. Amer.23
:789, 1939. Avril, M.F.: Tumeur de
Buschke-Lowenstein. Presse Med. 1992; 21:811.
C
CHAGAS
Carlos Ribeiro Justiniano das Chagas (1879-1934), médico e sanitarista brasileiro.
Doença de Chagas: a doença de Chagas
ou tripanossomíase americana está associada a
vários epônimos. Na fase aguda da doença surgem
febre, chagoma de inoculação (nódulo endurado),
adenopatia e meningismo. O sinal de Romaña decorre da
inoculação próxima a um dos olhos (conjuntivite e
edema bipalpebral unilateral). A fase crônica
caracteriza-se por megacólon, megaesôfago e miocardite
crônica. Insuficiência cardíaca e embolias são frequentes
na fase terminal da doença. O médico brasileiro
Carlos Ribeiro Justiniano das Chagas (1879-1934)
identificou o protozoário causador da moléstia em 1909,
denominando-o Trypanosoma cruzi em homenagem
a Oswaldo Cruz. Chagas também descobriu o
inseto transmissor, o barbeiro. Historicamente a
enfermidade também foi chamada de doença de
Chagas-Cruz e doença de Chagas-Mazza.
Chagas C. Nova Tripanossomíase Humana: Estudo sobre a Morfologia e o Ciclo Evolutivo
do Schyzotrypanum cruzi, Agente Etiológico de Nova
Entidade Mórbida do Homem. Mem Inst Oswaldo
Cruz, 1909; 1: 159-63.
CHARCOTT-LEYDEN
Jean Marie Charcott (1825-1893), neurologista francês (Cristais de Charcott-Leyden)
Ernst Victor von Leyden (1832-1910),
médico alemão (Cristais de Charcott-Leyden)
Cristais de Charcott-Leyden: são cristais
em forma de pirâmides duplas alongadas formadas
de eosonófilos, encontrada no escarro de
asmáticos brônquicos e em outros exsudatos e transudatos
contendo eosinófilos.
Charcot JM, Robin CP. Observation de leucocythémie. Comptes rendus de la Société
de Biologie, Paris, 1853; 44.
Leyden EV. Zur Kenntnis des Asthma bronchiale. [Virchows] Archiv für
pathologische Anatomie und Physiologie, und für Klinische
Medizin, Berlin, 1872, 54: 324-344; 346-352.
CHILAIDITI
Demetrius Chilaiditi (1883-1965), radiologista austríaco.
Síndrome de Chilaiditi: Interposição do
cólon transverso e ângulo hepático entre a
cúpula diafragmática e o fígado.
Chilaiditi D. Zur Frage der Hepatoptose und Ptose im allgemeinen im Anschluss an drei Fälle
von temporärer, partieller Leberverlagerung. Fortschritte
auf dem Gebiete der Röntgenstrahlen, 1910; 16: 173-208.
COLLES
Abraham Colles (1773-1843) foi um médico irlandês, tendo lecionado Anatomia no Irish College
of Surgeons onde escreveu seu renomado trabalho
sobre fratura de Colles (fratura da epífise distal do
rádio). Descreveu também o ligamento inguinal reflexo e
o espaço perineal superficial.
Fáscia de Colles: Camada membranácea
profunda da fáscia perineal superficial.
COOMBS
Robert Royston Amos ("Robin") Coombs (1921-2006), imunologista e veterinário ingles,
nasceu em Londres e estudou veterinária na
Edinburgh University. Durante seu doutorado estudou e
publicou métodos para detecção de anticorpos, em
associação com o Dr. Arthur Mourant e Dr Rob Race (1945).
Teste de Coombs: teste antiglobulina humana, direto e indireto.
Coombs RRA, Mourant AE, Race RR. Detection of weak and "incomplete" Rh agglutinins:
a new test. Lancet, 1945; 246: 15_6.
COWDEN
Polipose hamartomatosa colorretal,
gástrica e duodenal. A mutação localiza-se no gene
PTEN 10q22-23, sendo uma entidade autossômica
dominante. Ocorrem alterações mucocutâneas:
triquilemomas faciais múltiplos, papilomatose da mucosa oral
e queratose palmoplantar, podendo co-existir câncer
de mama (30 a 50%) e câncer de tiróide e
endométrio (>20%).
A síndrome de Cowden, descrita pela
primeira vez em 1963, foi cunhada não com o nome do
médico, mas da paciente em que ela se estabeleceu:
Rachel Cowden, uma jovem senhora que apresentava as
características sindrômicas descritas pelos doutores
Lloyd e Denis. Há outros nomes para esta condição:
síndrome de hamartomas múltiplos, síndrome de
Ruvalcaba-Myhre, síndrome de Riley-Smith, síndrome
de Bannayan-Riley-Ruvalcaba e síndrome de
Bannayan-Zonana.
CROHN
Burrill B. crohn (1884-1983), gastroentero-logista americano.
Doença de Crohn: processo
inflamatório granulomatoso vazio, inespecífico, que acomete a
região ileo-cecal, ocorrendo, ainda, em quaisquer
segmentos do tubo digestivo e no períneo.
Crohn BB, Ginzburg L, Oppenheimer GD. Regional Ileitis. A Pathologic and clinical entity.
JAMA, 1932; 99: 1323-1329.
CRONKHITE-CANADA
Leonard Wolsey Jr. cronkhite (1919-):
médico clínico americano
Wilma J. Canada (1922-): radiologista americana.
Síndrome de Cronkhite-Canada:
síndrome de polipose adenomatosa
esôfago-gastro-êntero-colônica associada a alopécia
universal, onicodistrofia e hiperpigmentação
cutâneo-mucosa. Trata-se de uma entidade rara, sem história
familiar, em pacientes acima de 70 anos de idade.
Ocorrem malabsorção e enteropatia com perda
proteica, diarreia de causa multifatorial,
hipoproteinemia, edema e caquexia, sendo geralmente fatal antes
de 18 meses de evolução.
Cronkhite LW, Canada WJ. Generalized gastrointestinal polyposis: An unusual syndrome
of polyposis, pigmentation, alopecia and
onychotrophia. New Engl J Med, 1955; 252: 1011.
CUSHING
Harvey W. Cushing (1869-1939),
neurocirurgião americano. Basofilia, doença, síndrome, efeito,
fenômeno, resposta, basofilia ptuitária.
Síndrome de Cushing ou hipercortisolismo
ou hiperadrenocorticismo: hiperplasia adrenal
causada por adenomas hipofisários basófilos secretores
de ACTH ou induzida por medicamentos à base
de esteroides ou outros glicocorticoides,
caracterizando-se por obesidade de tronco, face lunar, acne,
estrias abdominais, hipertensão, distúrbios
psiquiátricos, osteoporose, diminuição da tolerância aos
carbo-hidratos, catabolismo protêico,
amenorreia e hirsutismo (na mulher), entre outros sintomas e
sinais.
CUTAIT
Daher Elias Cutait (1913-2001): filho de imigrantes libaneses, formou-se na Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo (1939). Uma de
suas mais importantes obras foi o Hospital Sírio
Libanês, hoje um importante centro de excelência e de
referência em nosso país, do qual foi Diretor Clínico de
1965 até sua morte.
Cirurgia de Swenson-Cutait: Swenson e Bill (1948), usaram, adaptaram e difundiram a técnica
de Maunsel-Weir (para câncer retal alto) para a
doença de Hirschsprung. Cutait (1961) fez modificações
pessoais à técnica de Swenson-Bill, realizando
anastomose retardada, em um segundo tempo cirúrgico quando
o côto retal maduro é removido. Esta
cirurgia-retossigmoidectomia abdominoendoanal com anastomose retartada, não apenas para o câncer
retal, mas também, para o megacólon chagásico.
Cutait DE. Megacolo: Nova técnica de retossigmoidectomia abdominoperineal sem
colostomia. Anais I Cong ALAP, São Paulo, vol 2, 831-846, 1960.
Cutait DE. Tratamento do Megassigma pela retossigmoidectomia. Tese de Livre-docência. Ed.
Saraiva, São Paulo, 1953.
Cutait DE. Megacólon chagásico. Rumos
Modernos da Operação. Ed. Eurico da Silva Bastos, 1969.
(Continua no próximo número)
Recebido em 04/03/20099
Aceito para publicação em 21/05/2009
Trabalho realizado pelo Grupo de Coloproctologia da Santa Casa de Belo Horizonte & Disciplina de Coloproctologia da Faculdade de
Ciências Médicas de Minas Gerais.