RESUMO DE ARTIGOS
LUIS CLÁUDIO PANDINI
PANDINI LC. Resumo de Artigos. Rev bras Coloproct, 2009;29(1):130-132.
Mor I, Vogel J, Shen B et al. Infliximab in
Ulcerative Colitis is Associeated with an Increased Risk
of Postoperative Complications After Restorative Proctocolectomy. Dis. Colon Rectum 2008; 51: 8
p 1.202-1210.
O propósito do estudo foi determinar a taxa de
complicações pós operatória nos pacientes com
retocolite ulcerativa tratados com infliximabe e
posteriormente submetidos à proctocolectomia, e determinar se o
procedimento em 3 estágios é mais frequentemente
necessário. Foram estudados 2 grupos de pacientes,
sendo o grupo tratado com infliximabe comparado com o
grupo de pacientes operados de proctocolectomia
em 2 estágios. Foram realizadas um total de
523 proctocolectomias no período de 2000 a 2006. No
grupo de infliximabe houve 46 procedimentos em 2
estágios, e 39 procedimentos em 3 estágios. O risco
de complicações pós-operatória imediata no
grupo infliximabe foi 3.45 vezes maior que no grupo
sem infliximabe. O risco de sépsis foi 13.8 vezes mais
freqüente no grupo com infliximabe, e 2.19 vezes maior
o risco de complicações tardias. Os autores
concluem que o uso de infliximabe aumenta o risco de
complicações depois de proctocolectomia e altera o tipo de
acesso cirúrgico na retocolite ulcerativa. Os benefícios
potenciais do infliximabe devem ser ponderados a
cerca desses riscos.
Meunier K, Mucci S, Quentin V, et al.
Colorectal Surgery in Cirrhotic Patients: Assessment of
Operative Morbidity and Mortality. Dis Colon Rectum; 2008:
51: 9; p 1225-1231.
O propósito deste estudo foi avaliar a morbidade,
mortalidade e fatores prognósticos em pacientes com
cirrose submetidos a cirurgias colorretais . Os
resultados mostraram que a morbidade foi de 77% (33/43 pac).
A mortalidade pós-operatória foi de 26% (11/43 pac)
dos quais 6 pacientes (54%) foram submetidos à
cirurgia de urgência. Quatro fatores influenciaram a
mortalidade na análise univariável: presença de peritonite,
ascite descompensada, cirurgia realizada em caráter de
urgência e procedimento muito prolongado.
Os autores concluem que a cirurgia colorretal nos
pacientes cirróticos possui um alto risco de morbidade
e mortalidade. Este alto risco está associado com
presença de infecção, ascite descompensada e
procedimento muito extenso ou na urgência. A otimização
dos pacientes através da seleção, e preparo adequado
reduz o risco operatório.
Ayrizono MLS., Meirelles LR., Leal RF., Coy CSR.
Et al. Resultados da Cirurgia de Reservatórios Ileais
em Pacientes com Doença de Crohn. Arq
Gastroenterol v.45 n.3 Jul/Set 2008.
O objetivo deste estudo foi avaliar a evolução
tardia dos doentes com reservatórios ileais cujo
diagnóstico foi doença de Crohn. Entre fevereiro de 1983 a
março de 2007, 151 doentes do grupo de Coloproctologia
do Hospital das Clínicas da Universidade Estadual
de Campinas,SP, foram submetidos à retocolectomia
total e reservatório ileal, sendo 76 por retocolite
ulcerativa inespecífica. Destes, 11 (14,5%) evoluíram como
doença de Crohn, com diagnóstico histopatológico
confirmado em 9:1 no espécime da retocolectomia, 2
na proctectomia, 2 em segmentos de intestino delgado,
3 em reservatórios ileais, sendo 2 em biópsias e 1 no
reservatório ressecado, e 1 em material de
abscesso perianal. Oito doentes (72,7%) eram mulheres, e
a média de idade foi de 30,6 (18-65) anos. Todos
tinham diagnóstico pré-operatório de retocolite
ulcerativa inespecífica, e cinco foram operados inicialmente
por megacólon tóxico. O tempo médio entre a
confecção do reservatório ileal e a manifestação da doença
de Crohn foi de 30,6 meses. Ileostomia de proteção
não foi fechada apenas em um doente que apresentou
fístula do reservatório no enema opaco e,
posteriormente, abscesso perianal extenso, e recidiva da doença
de Crohn na alça aferente do reservatório. No
seguimento tardio,três doentes evoluíram com fístulas
perineais complexas, sendo associada à fistula
reservatório-vaginal em uma delas. Todos necessitaram de nova
derivação e o reservatório foi excisado em um deles
devido à persistência da sepse pélvica.Uma outra
apresentou fístula do reservatório para o intróito
vaginal, corrigida com cirurgia de avanço mucoso. Houve
também progressão da doença para o íleo proximal
em três doentes. Nos outros três, a recidiva da doença
foi no reservatório ileal, com boa resposta ao
tratamento clínico. Atualmente, com seguimento médio de
76,5 meses, todos os doentes estão assintomáticos,
sendo que quatro estão com derivação e sete com
reservatórios funcionantes, estes apresentando 6-10
evacuações ao dia, e continência praticamente normal. Os
autores concluem que a recidiva da doença de Crohn
após retocolectomia e reservatório ileal é relativamente
frequente, com ocorrência de complicações como
abscessos, fístulas e estenoses. Entretanto,
reservatórios ileais com doença de Crohn e mantidos, podem
ser compatíveis com função satisfatória.
Rossoni DM., Sartor MC., Rossoni AMO., Bonardi RA., Souza Filho ZA. Comparação entre as
soluções orais de manitol a 10% e Bifosfato de sódio no
preparo mecânico do cólon. Rev. Col. Bras. Cir. 2008;
35(5): 323-328.
O objetivo deste estudo foi comparar o uso das
soluções orais de manitol a 10% e de bifosfato de sódio
no preparo mecânico do cólon quanto à qualidade da
limpeza, a tolerabilidade e as alterações
hidroeletrolíticas e da osmolaridade plasmática. Foram analisados
60 pacientes de modo randomizado, duplo-cego e prospectivo, com indicação de colonoscopia. A
qualidade da limpeza intestinal foi analisada pelo
examinador através da classificação de Beck. A
tolerabilidade à ingestão baseou-se na pesquisa do gosto,
presença ou não de desconforto, aparecimento de efeitos
adversos e a quantidade da solução ingerida. Foram
dosados o sódio, potássio, cálcio, magnésio, fósforo,
uréia, creatinina, glicose, hematócrito, hemoglobina e
calculado a osmolaridade plasmática, antes e após a
ingestão da solução oral de preparo intestinal. Ambas as
soluções atingiram qualidade de preparo classificado
como bom ou superior em mais de 80% dos pacientes. O
uso do bifosfato de sódio determinou menor desconforto
e melhor tolerância, apesar de não ter sido superior
ao manitol quanto à análise do gosto e presença de
efeitos adversos. O bifosfato induziu ao aumento e o
manitol a uma redução da osmolaridade, refluxo do que
ocorreu com o sódio plasmático nos dois grupos
respectivamente. O bifosfato ainda determinou alteração
significativa dos níveis sérios de fósforo, cálcio,
magnésio e potássio, sem repercussões clínicas.
Conclusão: Ambos os tipos de preparo intestinal
determinaram qualidade de limpeza adequada. O bifosfato de
sódio, apesar de melhor tolerado, determina maior
quantidade de alterações hidroeletrolíticas.
Bilimoria K.Y. Bentrem D.J, Nelson H. et al. Use
and Outcmes of Laparoscopic-Assisted Colectomy for Câncer in the United States. Arch Surg. Volume
143, Number 9(September 2008), pp. 832-840.
O objetivo deste estudo retrospectivo coorte foi
comparar a utilização e os resultados da
colectomia laparoscópica e convencional. Foram avaliados
11.038 pacientes submetidos a colectomia laparoscópica,
e 231.381 pacientes submetidos a colectomia convencional por câncer colônico não metástatico. Os
resultados mostraram que a utilização da
colectomia laparoscópica aumentou de 3.8% em 1998 para
5.2% em 2002 (p< 0.001). Pacientes que foram
operados por laparoscopia, apresentavam idade inferior a
75 anos, possuíam seguros privados, moravam em
grandes centros, apresentavam estágio tipo I,
localização do tumor preferencialmente no cólon descendente
e sigmoide, ou tratados em centros
oncológicos especializados. Na colectomia laparoscópica
observou-se mais frequentemente 12 ou mais gânglios
retirados na peça cirúrgica (p< 0.001), mortalidade e
taxa de recidiva semelhante, e taxa de sobrevida
maior (64.1% vs 58%, p< 0.001) comparada com a colectomia convencional. Depois de ajustados os
fatores do tumor dos pacientes de tratamento e
fatores hospitalares, a sobrevida de 5 anos foi
significativamente melhor após colectomia laparoscópica
comparada a colectomia convencional para câncer no
estágio I e II, mas não para o estágio III. Os autores
concluem que a colectomia laparoscópica assistida e
a colectomia convencional apresentaram resultados comparáveis na população tratada. Entretanto,
a sobrevida foi melhor após colectomia
laparoscópica que a colectomia convencional em pacientes
selecionados.